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Reconstituir histórias com base em fragmentos escritos e fotográficos não é tarefa das mais fáceis. A história do Canhão da Cascata traz na sua origem, um ar de mistério e aventura, um caráter pitoresco que mistura versões mirabolantes e românticas acerca do seu real instrumentalizador, Henrique Carlos de Morais. Ao passar pela localidade da Cascata, alguém já deve ter se perguntado: o que será que aquele Canhão está fazendo ali? Digo isso por que fui um desses supostos curiosos desavisados.
O universo mental que envolve a história do Canhão evidenciou um aspecto importante que já se havia por desconfiar, isto é, os moradores do local pouco ou nada sabem sobre a origem da peça, seu genitor e os “reais” motivos que levaram-na até seu local de destino.
A Draga Brasil é contratada para executar obras de dragagem no porto de Willemstad, cidade capital da ilha de Curaçao no mar do Caribe (Antilhas Holandesas). Em 10 de abril de 1960 o maquinário depara-se com um estranho objeto, um Canhão de ferro coberto de ferrugem, que então é içado a bordo. Terminado o trabalho, o navio se desloca em direção à Rio Grande, onde irá prestar serviço no canal de acesso ao porto. A Draga Brasil finalmente aporta em Pelotas, onde acaba depositando o Canhão. Três anos se passam e em princípios do mês de abril de 1963, o administrador do porto de Pelotas, o Sr. José Curwitz, comunica a Henrique Morais, então representante do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Pelotas (DPHAN), a existência, nos depósitos daquela unidade, de uma antiga peça de artilharia com grossa camada de ferrugem.
Atualmente, uma peça descontextualizada e assentada onde impera o silêncio sobre sua (es)história. Resta-nos a dúvida: por que uma viagem tão longa, de Curaçao à Cascata?
Canhão da Cascata, 2005. (Foto do autor.)
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