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PELOTAS, CAPITAL NACIONAL DO DOCE Michele Dutra da Silveira É difícil definir quando exatamente os doces surgiram em Pelotas. Sabe−se que sua origem teve influência de Portugal, país onde era intensa a produção de tais guloseimas. Os doces foram introduzidos pelos lusos por volta do início do século XIX e em Pelotas aproximadamente na década de 1860, quando começa o período de apogeu do município de Pelotas. De 1860 a 1890 os investimentos dos charqueadores foram intensos em atividades de cunho cultural que caracterizaram, durante anos, Pelotas como a cidade mais aristocrática do Estado do Rio Grande do Sul (RS). |
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Outro fato que também contribuiu para a grande produção e consumo de doces em Pelotas foram as próprias charqueadas. Conforme [Magalhães, 2001], a sociedade pelotense procurou abrandar sua imagem rústica saladeiril através da adoção de requintados costumes, constantes atividades intelectuais e imponentes construções. Neste contexto é que o doce se insere, embora não como protagonista principal, pois a economia estava baseada no trabalho dos negros, na punição do escravo, na degola do boi e nas mantas de carne sob o calor do sol − atividades tipicamente das charqueadas. Enfim, Pelotas estava imersa no ciclo do sal, onde os rituais de castigo e de brutalidade eram amenizados pela produção de poesias rimadas, cortesias, amabilidades, saudações solenes e dedicatórias rebuscadas e veladamente sensuais. Entre diversos fatores, o fim da escravidão auxiliou no declíneo das charqueadas locais assim como o surgimento de uma maior concorrência devido a produção de charque em outros municípios do RS. O surgimento dos frigoríficos que dispensavam o processo de salga da carne acabaram fornecendo subsídios para uma forte projeção nacional dos doces pelotenses. A partir da década de 1920, passou−se a divulgar comercialmente em todo o Brasil a tradição doceira que até então estava restrita ao interior dos casarões. Aproximadamente nesta mesma época, os imigrantes alemães, pomeranos e franceses que viviam em Pelotas passaram a cultivar frutas de clima temperado − principalmente o pêssego − na região colonial de Pelotas. Esta, e demais frutas, começaram a ser comercializadas ao natural e também na forma de doces, geléias, conservas e pastas. É importante para Pelotas que sua história seja muito bem conhecida, preservada e difundida para a viabilização do melhor aproveitamento do potencial de sua tradição em contribuições de âmbito cultural, turístico e econômico. Este processo já tem obtido resultados positivos como a expressiva valorização da produção artesanal das doceiras que abastece grande parte das melhores Doçarias da cidade e o sucesso da organização anual do evento denominado FENADOCE − Feira Nacional do Doce. Referência Bibliográfica Fonte: http://www.macs.hw.ac.uk/~anjos/downloads/artigo-doces-texto-final.pdf
Thaís Miréa Muito além do açúcar, dos ovos e da farinha, a arte de fazer o doce - e todo o universo geográfico, étnico e histórico - será resgatada pelo Inventário Nacional de Referências Culturais - produção de doces tradicionais pelotenses, que busca o reconhecimento da cidade como Capital Nacional do Doce. A tradição centenária pode ser considerada patrimônio cultural imaterial brasileiro. No total foram catalogadas 101 referências diretas e indiretas no levantamento bibliográfico, mais de mil fotografias e cerca de 40 entrevistas com pessoas indicadas como conhecedoras legítimas dessa tradição. Todas as técnicas envolvidas na produção a serem inventariadas - seja artesanal, manufaturada ou industrial - foram apuradas. Com pêssego, por exemplo, foram identificadas 113 maneiras de fazer doces diferentes. Fonte: Diário Popular/15ª Fenadoce – 10/07/2007 |
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