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Eu cheguei a Pelotas há 25 anos e apenas em duas oportunidades, até hoje, visualizei o modelo da improvisada embarcação que deu origem ao nome da cidade. A pelota feita de couro e esticada com varas de corticeira, usada pelos antigos habitantes da região na travessia de rios e arroios. Assim como 99,9% da população. tenho pouca esperança de um dia ver esta peça em ação sobre a água, o que certamente seria um atrativo para nós, os moradores e àqueles que por aqui cruzam em viagens de turismo ou de negócios. Poderia ser outra marca pelotense, ao lado do doce, do patrimônio, da cultura.
Conversei recentemente com dois profissionais que mantêm vivo o trabalho artesanal dos guasqueiros, os antigos gaúchos que usavam o couro como matéria-prima na fabricação de peças campeiras. Para minha surpresa - e inveja - eles já testaram uma pelota no Laranjal. A funcionalidade é perfeita, disseram. Simples de fazer e eficaz no transporte. Pedi que me avisassem se houver o segundo teste. Uma oportunidade rara.
A pelota é o primeiro minuto de vida de nossa história e a tratamos como um detalhe, algo menor. Está praticamente esquecida. Deveria ser ensinada e fabricada em miniatura pelos alunos das escolas, inspirar monumentos em praças, estampar documentos oficiais, virar selo de 200 anos, ilustrar painéis nas ruas.
Poderíamos realizar testes com ela no verão, evento com todos os ingredientes para ter repercussão estadual e nacional. Vários dias dedicado à fabricação das peças, com palestras, ofcinas de montagem, até o couro secar e ganhar a água. Nossas crianças teriam a chance de testá-la nos balneários. Filas de espera na areia.
Nem o site oficial do município dá muito destaque à origem do nome da Princesa do Sul. Sáo apenas três linhas na metade do texto que trata do passado: "O nome originou-se das embarcaçôes de varas de corticeira forradas de couro, usadas para a travessia dos rios na época das charqueadas". E nada mais.
Eu reconheço que sonho demais. Mas é a única forma que encontro muitas vezes para entender essa cidade que escolhi para viver. E em Pelotas, por enquanto, a pelota só em sonho. Que pena.
(Publicado originalmente no Diário Popular em 21/07/2010)
Trabalhei 25 anos no Banco do Brasil e após a minha aposentadoria me dediquei ao estudo da história de minha cidade e fiz um curso de Guia de Turismo no SENAC. A partir de então acompanho turistas que chegam à cidade e sentindo a necessidade de um local que comercializasse lembranças da cidade, há 3 anos, juntamente com duas outras guias criamos a loja DOCES LEMBRANÇAS PELOTAS. Estamos instaladas na Galeria Zabaleta, loja 15 e, para identificar a loja, encomendei do Rodrigo Schlee uma pelota feita de uma vaquilhona pequena, para que os transeuntes conheçam a embarcação que originou o nome de nossa cidade.Ao participar de eventos em escolas ou outras entidades, levo sempre comigo a "pelota" para que a mesma possa ser divulgada.Estou fazendo a minha parte e conclamo os pelotenses que, procurem fazer o mesmo.
Lucinda Helena Ziebell – Comerciante e guia de turismo
Pelotas / RS
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