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Em 9 de junho de 1854 nascia no povoado de Nossa Senhora da Assunção de Caçapava, atual Caçapava do Sul, PEDRO LUÍS DA ROCHA OSÓRIO, filho do Major José Luís Osório e Florinda da Rocha Osório, o sétimo de dez filhos. Doze anos mais tarde, órfão de pai e mãe, começou a trabalhar como tropeiro. Em 20 de junho de 1871, chegou a Pelotas aos 17 anos de idade, empregando-se como caixeiro na loja de tecidos de Januário Joaquim Amarante e mais tarde, em 1875, caixeiro da Charqueada Boa Vista de Francisco Antunes Gomes da Costa, Barão do Arroio Grande.
Depois, em 1878, nomeado administrador e gerente da empresa do Barão, começou o segundo período de sua vida comercial, quando completaram-se seus conhecimentos na indústria do charque, revelando-se um industrialista de futuro, a quem não faltavam as boas experiências do passado, a capacidade realizadora e o senso de direção empresarial. Dois anos mais tarde, o Barão o convidou para sócio da indústria, com a participação de um terço dos lucros. Pedro Osório aceitou e continuou progredindo até o fim da safra de 1885, quando, já experiente e contando com um capital de dezoito contos de réis, lançou-se por conta própria na industrialização da carne.
A CHARQUEADA DO CASCALHO
Pedro Osório conseguiu contagiar com o seu entusiasmo ao comendador Antônio da Costa Correa Leite e a Antônio Rodrigues Cordeiro, tendo-lhe o primeiro posto à disposição todos os recursos necessários para a consecução dos seus planos, antevendo, no jovem charqueador, o início de um grande obreiro da indústria e do comércio pelotense.
Foi contando com a confiança desses dois homens que ele iniciou em 1886 a sua primeira indústria, comprando de Leonídio Antero da Silveira o estabelecimento denominado Cascalho, à margem direita do Arroio Pelotas, envelhecido e quase inteiramente desmontado, que teve como seu primeiro proprietário Domingos de Castro Antiqueira, o Visconde de Jaguary.
Pedro Osório reformou o Cascalho, adaptando-o às exigências da indústria já modernizada, fazendo-o funcionar em dois anos Ao encerrar-se o balanço da safra de 1887, Pedro Osório havia elevado a cento e treze contos de réis o seu capital, multiplicando várias vezes o magro capital com que começara, e dando-lhe um alto conceito no comércio exportador do charque e aumentando sua ação no setor. Nesta charqueada foi produzido pela primeira vez charque no sistema platino.
Em 1888, comprou a Charqueada do Areal de Bernardino Rodrigues Barcelos, da Costa da Cia. Pastoril e Industrial do Sul do Brasil, e São Gonçalo. Nesta época, foi um dos fundadores da União Republicana, participando de comícios e reuniões públicas para difundir as idéias republicanas e abolicionistas. Após a morte de Piratinino de Almeida, assumiu a chefia do Partido Republicano, permanecendo no cargo até a sua morte. Tornou-se o chefe político mais importante da zona sul do estado. Instalado o regime republicano, fez parte da 1ª Junta Administrativa de Pelotas, criada para implantar a organização republicana na administração do município.
No ano seguinte, constituiu a firma Pedro Osório & Cia., em sociedade com o Coronel Alberto Rosa, parceria que se estenderia até 1922, para ampliar os negócios do charque e tudo o que se relacionasse com a pecuária.
Em 1891 casou-se com Maria Cecília Alves Pereira. Em 1894 foi nomeado Comandante Superior da Guarda Nacional, recebendo no mesmo ano as honras de Coronel do Exército, por relevantes serviços prestados à república. Nos anos seguintes, desenvolveu suas atividades nas Charqueadas Pelotas e São Gonçalo.
Em 1903 foi nomeado Vice-presidente do Estado no governo de Borges de Medeiros. Em 1907 fundou a Charqueada de Tupanceretan, a pioneira na região da serra, trazendo progresso espantoso ao então povoado, sendo por isto considerado pela população local como patrono do vilamento de Tupanciretã.
INÍCIO DO NOVO CICLO ECONÔMICO
Em 1907, na propriedade do Cascalho - à margem direita do arroio Pelotas – local da sua primeira charqueada, o coronel faz sua primeira plantação de arroz. No ano seguinte, para beneficiar o arroz, construiu o Engenho do Cascalho e, a seguir, comprou uma frota de 14 barcos de pequena cabotagem para transporte dos produtos de suas lavouras e charqueadas.
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Monumento ao centenário de nascimento do Cel. Pedro Osório 1854 / 1954
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Coronel Pedro Osório é a grande figura que encerra o ciclo do charque e abre o
ciclo do arroz no sul do Brasil.
O REI DO ARROZ
Até hoje o Rei do Arroz, como o coronel Pedro Osório ficou conhecido no Brasil e no mundo, é referência de empreendedorismo. Um homem que não esperou declinar o ciclo do charque para sair em busca de novas alternativas econômicas. Investiu - e forte - no plantio e beneficiamento do cereal. Era um visionário na zona sul, no final do século XIX.
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Em 1912, viajou para a Estação Experimental de Rizicultura de Vercelli, na Itália, para aprender novas técnicas de cultivo com o professor Novello Novelli, mundialmente reconhecido como grande mestre de orizicultura. Na Alemanha adquiriu maquinário para ampliar o engenho do Cascalho. Foi decidida a construção e montagem do grande Engenho São Gonçalo, ao lado da charqueada do mesmo nome, com capacidade para beneficiar 700.000 sacos de arroz em casca, 1.200 sacos em dez horas, na época o maior engenho da América do Sul. Junto ao engenho construiu um cais de alvenaria onde atracavam as embarcações. Nas granjas do Cotovelo e Cascalho são plantados 30 mil pés de eucalipto, combustível às fornalhas de levantes e engenhos.
Durante a primeira guerra mundial, com a interrupção da importação do arroz italiano, Pedro Osório conseguiu introduzir o seu produto nos exigentes mercados da Argentina e Uruguai. Findo o conflito mundial, soube superar o produto italiano em qualidade e preço.
Em 1917 introduziu o sistema de parceria agrícola, primeiro nas lavouras de arroz, e depois, já no plantio em grande escala da batata. De suas lavouras partiram as primeiras iniciativas de conservação da fertilidade das terras e melhoria das pastagens pela drenagem e adubação sistemática. Foi um criador esclarecido e um dos maiores invernadores de gado de corte e ovinos de Pelotas e da região serrana. Foi um dos primeiros importadores e o introdutor no estado de raças americanas de suínos. Durante a primeira guerra mundial exportou carne para a Europa.
Foi o pioneiro no Brasil na instituição de seguro de vida para seus funcionários; criou em suas propriedades um sistema de atendimento médico, escolas e condições de melhoria da qualidade de vida, com boas casas e salários justos. Defendia o ensino gratuito. Em 1919, convidado por Epitácio Pessoa para o cargo de Ministro da Agricultura, recusou-o, indicando o Dr. Ildefonso Simões Lopes para o cargo.
Faleceu em Palmeira no dia 28 de fevereiro de 1931 - quando um derrame cerebral interrompeu suas férias. Seu corpo foi transportado em trem especial a Pelotas precisando parar nas estações de Cruz Alta, Tupanciretã, Júlio de Castilhos, Santa Maria, Bagé, Pedras Altas, Cerro Chato, Piratini, Arroio Grande, Passo das Pedras, Capão do Leão, Teodósio e Basílio. Em todas elas recebendo homenagens da população e autoridades, que engrossavam o comboio.Seu enterro foi o maior ocorrido em Pelotas, com uma multidão calculada em torno de 20.000 pessoas.
Em carta ao presidente interino da Sociedade Nacional de Agricultura – a uma semana de sua morte -, Pedro Osório reivindica questões hoje ainda em pauta, resumindo os problemas da época na falta de crédito, no alto preço dos tributos e transporte e necessidade de formação gradativa da pequena propriedade.
Coronel Pedro Osório é a grande figura que encerra o ciclo do charque e abre o ciclo do arroz no sul do Brasil.
Fontes:
ABUCHAIM, Vera. Cel. Pedro Luís da Rocha Osório. 12ª Fenadoce. Câmara de Dirigentes Lojistas de Pelotas. Pelotas, 2004.
FERREIRA, Michele. O balconista que virou rei. Diário Popular. Pelotas, ano 114, n.274, p.3, 9 jun 2004.
RHEINGANTZ, Carlos Guilherme. O charqueador. Diário Popular. Pelotas, ano 114, n.274, p.3, 9 jun 2004.
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