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     TURISMO COMO VETOR DE INCLUSÃO SOCIAL DOS SURDOS
     06/03/2008
     Mauro Luís Franco Peres

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS
ESCOLA DE EDUCAÇÃO
CURSO SUPERIOR DE TURISMO CULTURAL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

TURISMO COMO VETOR DE INCLUSÃO SOCIAL DOS SURDOS
MAURO LUÍS FRANCO PERES

PROFESSORA COORDENADORA
GISELE PEREIRA 

PROFESSORA ORIENTADORA
GISELE PEREIRA

Pelotas, novembro de 2004

 

RESUMO

     Este trabalho de conclusão de curso (TCC) tem a finalidade de apresentar um estudo realizado com a comunidade surda, onde iremos mostrar que o turismo através de suas diversas modalidades pode contribuir para a inclusão social dos surdos. O turismo é um fenômeno que possui a característica de conciliar pessoas, sejam elas deficientes ou não e que possuem o direto de lazer e uma melhor qualidade de vida. Para tanto se torna necessário que os profissionais do turismo, principalmente os guias de turismo, busquem formação sobre a linguagem dos surdos, LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Outro aspecto a se considerar é a questão da ética que vê a virtude como sendo a prática do bem e da felicidade dos seres e estabelece os limites da prática do guia de turismo, como ser engajado a proporcionar o bem-estar e a felicidade dos turistas.


PALAVRAS CHAVES

     Turismo, Surdo, Inclusão, Qualidade, Ética


INTRODUÇÃO

     A apresentação do presente trabalho de conclusão de curso (TCC) surgiu da oportunidade que tive de realizar dois cursos, Turismo e Libras (Língua Brasileira de Sinais), quando da realização destes tive a idéia de conciliar ambos, buscando uma maior integração dos surdos, com a comunidade.
     A necessidade de viajar, principalmente por parte dos cidadãos urbanos, tem seguido uma tendência de crescimento. No Brasil, cada vez mais pessoas, sejam elas ouvintes ou surdas, residentes nos grandes centros vêem-se em situação de extremo desconforto, seja pela falta de espaço, poluição ou excesso de trabalho.
     As diversas formas de turismo podem contribuir para a inclusão social do surdo, como fonte de recursos importantes para que os surdos consigam sua inclusão na sociedade e ao mesmo tempo conheçam sua história, origem, através do patrimônio arquitetônico, histórico e cultural (casas, museus, senzalas, charqueadas, olarias e outras), máquinas e equipamentos antigos.
O turismo é um setor que tem como principal característica o caráter de integração de pessoas de diferentes etnias, habitat e costumes, além da capacidade de inclusão social dos surdos.
     Neste trabalho trato sobre o começo do turismo organizado no Brasil, sua sustentabilidade, a cultura surda, a inclusão social dos surdos, qualidade de vida e ética. Procurei usar uma linguagem fácil e clara, para a compreensão de todos, pois, é um assunto bastante complexo que envolve relacionamento de pessoas de diferentes culturas.


Turismo para surdos

     O turismo organizado surgiu no século XX, contudo, as atividades turísticas remontam as raízes pela história. As várias modalidades de turismo proporcionam um crescimento econômico, através do poder de compra dos turistas e de seu bem-estar.
     Nesse sentido a inclusão social dessas pessoas que muitas vezes devido a alguma deficiência são isoladas e proibidas de se relacionarem com a comunidade em geral, podem através do turismo cultural exercer e promover uma inclusão social dessas pessoas “excluídas”, como os surdos, no qual teremos o “turismo como vetor de inclusão social dos surdos”.
     A atividade turística não necessita necessariamente de um poder aquisitivo alto, pois, muitas vezes temos em nossa região, ótimos locais que podemos visitar, apreciar, conhecendo assim, nossa história e cultura, valorizando com isso, os nossos costumes do dia-a-dia e termos, palavras que usamos diariamente e que nem sabemos de onde surgiu. Como exemplo podemos citar a origem do nome Pelotas, nome originado de uma embarcação indígena, feita de couro, usada para transportar alimentos que ficavam do outro lado do rio ou arroio para a tribo. Os índios cavavam um buraco no chão e colocavam este material, esperando secar, após retiravam o couro que estava com um formato abaloado.     Essa embarcação se chamava Pelota, que dá o nome do Arroio Pelotas e, posteriormente o nome da cidade de Pelotas.
     O crescimento do turismo se vê através do aumento da demanda e consequentemente da oferta turística, facilidades das viagens, tornando as localidades mais acessíveis aos viajantes, com disposição e desejosos de passarem pôr experiências em diversas regiões que possuem atrativos naturais e culturais.
     De acordo com Dóris Ruschmann, no livro de sua autoria (“Turismo e Planejamento sustentável”) que diz: “O ambiente mundial sinaliza novos enfoques, sociais, culturais, tecnológicos, ecológicos, econômicos e institucionais para a atividade, surgem como conseqüência dos seguintes fatores influenciadores:

  • Difusão de sistemas de informatização;
  • Desregulamentação das tarifas aéreas;
  • Financiamento das viagens turísticas;
  • Impactos negativos do turismo nas comunidades receptoras;
  • Câmbio dos movimentos turísticos voltados exclusivamente para usufruir do sol;
  • Pressões ambientais;
  • Competição tecnológica;
  • Mudanças nas preferências dos turistas;
  • Alteração na distribuição de tempo livre nos padrões laborais e nos rendimentos das pessoas”.

     Vivemos uma realidade, que antes só era desfrutada por um grupo de pessoas da elite, que dispunha de tempo e dinheiro para realizar suas viagens. Atualmente a maioria das pessoas dos países desenvolvidos e em desenvolvimento tem realizado viagens turísticas uma ou mais vezes ao ano e, é direito do cidadão praticar qualquer modalidade de turismo. Hoje em dia já não é um privilégio de algumas pessoas com poder aquisitivo maior, sua realidade é aceita e constitui parte integrante do estilo de vida para um número crescente de pessoas em todo o mundo, inclusive deficientes que usam o turismo como forma de inclusão social.
     O turismo ainda é uma novidade para muitas pessoas, pois, existe apenas há 30 anos no Brasil de forma estruturada, contudo, em algumas regiões, encontramos pessoas, hotéis, universidades que desenvolvem atividades com o intuito de qualificar os prestadores de serviços, dentre eles podemos citar o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Bahia, onde, por meio de seu PLANEJAMENTO TURÍSTICO” vem promovendo cursos de capacitação para vender o produto turístico.
     A previsão é de que sejam formadas de duas a quatro turmas de 40 agentes de viagem em cada cidade. Este programa tem como objetivo a promoção de várias zonas turísticas da Bahia e o aumento do fluxo de turistas neste estado.
     No momento em nossa região há uma preocupação em organizar o turismo, mas devemos ter mais iniciativas. Quem sabe até procurar uma parceria com outros estados na busca de informações sobre planos turísticos, que poderemos usar, adaptar para nossa região, com isso, estaremos dando um passo grande para alavancarmos o turismo em nossa região.
     O sistema turístico funciona como um corpo humano, um conjunto de órgãos em busca de um resultado, assim como, a natureza, a sociedade, às máquinas. Podemos ser únicos no que fazemos, contudo, já mais iremos fazer sozinhos, precisamos de uma equipe ou parceiros que, trabalhando junto conseguiremos atingir a um objetivo desejado, sela ele: O produto final ou até mesmo as melhorias necessárias para que não acabamos perdendo espaço neste mercado turístico, que devido aos seus consumidores é bastante exigente, nos obrigando a estarmos alerta e em constante aprimoração.
     Graças ao turista o turismo existe, é esse primeiro que faz com que os profissionais do turismo estejam sempre planejando rotas e roteiros novos. O turista é exigente, desde o início ele se preocupa com a viagem, primeiro aonde ir, com quem comprar as passagens ou os pacotes turísticos, como viajar, de avião, ônibus, trem, barco, carro, o que vai encontrar no destino desejado, se o ambiente é igual ou diferente de onde ele habita, e claro uma boa hospedagem, pois, o descanso também faz parte da viagem. Ainda existem outras tantas preocupações, como segurança, transporte e no caso dos surdos, intérpretes nos pontos e serviços turísticos que possam transmitir e guiá-los durante as visitas ou nos momentos de lazer.
     Para que o turista, seja ele surdo ou não, possa aproveitar a viagem se faz necessário que o sistema turístico esteja preparado para recebê-lo e, para que isso ocorra é necessário que o governo, os donos de hotéis, restaurantes, etc, assumam responsabilidades e cumpram com sua parte. 


FENEIS

     Em 1855 chegava ao Brasil Hermes Huert, surdo e ex-diretor do instituto de surdos de Paris.
     Através de seu trabalho e com o apoio de D. Pedro II, iniciou suas atividades no instituto de surdos-mudos, contudo, somente conseguiu alcançar seus objetivos em 26 de setembro de 1857, com a edificação do Instituto Nacional de Educação do Surdo (INES).
     Graças aos ensinamentos de Huert a língua de sinais cresceu no Brasil.
     No ano de 1923 a 1929 surgiu a Associação Brasileira dos Surdos e em 1977 foi criada a FENEIDA (Federação Nacional de Educação e Integração de Deficientes Auditivos), a qual só tinha ouvintes que s preocupavam com os direitos dos surdos.
     Em 1993, a comunidade surda criou uma comissão de luta pelos direitos dos surdos, uma entidade não legalizada, com trabalho significativo, porque buscava os direitos dos surdos como cidadãos.
     Esta comissão reivindicou a participação dos surdos na FENEIDA, a qual foi negada, devido os ouvintes acharem que os surdos não tinham competência para participarem, contudo esta comissão formou uma chapa e conquistou em Assembléia Geral a presidência por um ano. Essa diretoria reformulou os estatutos e a partir daí a entidade começou a ser denominada de FENEIS em 16 de maio de 1987.


CULTURA SURDA

     As culturas em que nascemos se constituem em locais de fontes de identidade cultural. Desta forma, se encontrarmos um surdo sem cultura surda claro, certamente este estará deslocado, sem língua, pátria.
Se pensarmos o surdo sem cultura surda, é como ser Brasileiro sem saber o que é isso. O fato é que a cultura é representada por um conjunto de significados, que implicam em algo de representação cultural.
     A identidade da cultura surda pode estar em formas de representação, ou seja, na arte surda, no alfabeto das mãos, na língua de sinais, na forma de organização das comunidades surdas, na presença de intérpretes de língua de sinais (em pontos turísticos), etc.
     A língua e a cultura surda contribuem como meio de comunicação do surdo, a língua de sinais se presta como meio de transmissão de conhecimento, e proporciona a aquisição de conhecimentos universais.
     A presença da cultura surda fez com que novas identidades, bem como significados, segundo os quais os surdos articulam os seus movimentos sociais, culturais, educacionais, como por exemplo: intérprete de língua de sinais, professores surdos e por que não turismo para surdos.
     O surdo tem necessidade de impulso cultural, de uma atmosfera no interior da qual os membros de uma sociedade podem respirar, produzir e sobreviver. Não importa quantos sejam em termos de classe, gênero ou raça. A cultura surda se presta para unificar os surdos numa identidade cultural.
     Os surdos quando estão se relacionando com ouvintes, surgem alguns problemas, digamos clássicos.
 - Imagine que você está dirigindo um carro cheio de amigos ouvintes. Com todos rindo e contando piadas. Você não pode tirar os olhos da estrada para “ouvi-los”. Mais tarde, você pede que eles recontem as piadas, mas eles já se esqueceram ou contam numa forma condensada, perdendo toda a graça. O mesmo ocorre quando há um motorista ouvinte e um carro cheio de amigos surdos.
 - Um homem está numa mesa ao lado da sua e pede o açúcar emprestado, mas você ignora o pedido, já que não houve. Ele resmunga ofensas, pois você foi muito mal-educado.
 - Um surdo vai visitar um ponto turístico com amigos ouvintes e começa o passeio e o guia de turismo não sabe a linguagem de sinais e têm que falar pausadamente para que o surdo talvez intenda, ou ainda o guia de turismo sabe a linguagem, mas não pode sinalizar e falar ao mesmo tempo.
 - Numa tarde de Sábado você está fazendo compras e um estranho lhe pergunta quem está ganhando o jogo de futebol. Você percebe que ele achou que a sua prótese auditiva era um rádio.


A inclusão

     A inclusão dos surdos, através do turismo, tem como objetivo proporcionar uma melhor qualidade de vida a estas pessoas.
     O turismo em suas diversas categorias pode contribuir significativamente para o desenvolvimento da cultura dos surdos como, pôr exemplo, se pensarmos o turismo como um “assistente social”.
     Os deficientes de um modo geral, assim como os surdos procuram cada vez mais que as pessoas, o aceitem e os considerem como membros da sociedade dita normal, onde também eles têm direitos e responsabilidade, como assim determina a Carta Internacional de Educação para o Lazer, da WLRA (1994, P. 4) “Associação Internacional de Lazer e Recreação”, que explicita no preâmbulo, item 24, P. 4: “... a ninguém deverá ser negado este direito (ao lazer) em razão de... deficiência...”.
     Existem dois tipos de atividades que são usadas como meio de inclusão para os deficientes e que podemos de acordo com as condições e necessidades adaptar para os surdos, proporcionando assim sua inclusão de uma maneira tranqüila, sem nenhuma pressão de ambos os lados, que são:
Atividades Integradas – Quando a pessoa com deficiência consegue participar de atividades de lazer não-adaptadas.
Atividades Inclusivas - Quando os programas de lazer são modificados para que pessoas com deficiência possam participar juntamente com as pessoas em geral. Estas atividades são muitas vezes desenvolvidas pôr escolas que trabalham com deficientes, ONGs, empresas que possuem funcionários com filhos com algum tipo de deficiência e órgãos como o SESC, SESI, outros.
     Conforme fala Sassaki, (2003 P. 13), a ótica da inclusão necessariamente traz seu bojo os seguintes valores: Empoderamento, Modelo Social da Deficiência, Diversidade Humana e Qualidade de Vida.
     Para um entendimento melhor irei comentar em poucas palavras o que são estes valores, segundo Sassaki, (2003 P. 19, 20,21).
     EMPODERAMENTO:
     Ë o processo pelo qual uma pessoa ou um grupo de pessoas usa o seu poder para fazer escolhas, tomar decisões e assumir o controle de sua vida pessoal.
     MODELO SOCIAL DA DEFICIÊNCIA:
     Ë o paradigma segundo o qual estão na sociedade os obstáculos que impedem a participação ativa das pessoas com deficiência nos vários sistemas sociais gerais. Cabe então à sociedade eliminar esses obstáculos para que essas pessoas “possam Ter acesso aos serviços, lugares, informações e bens necessários ao seu desenvolvimento pessoal, social, educacional e profissional”. (Sassaki, 1997 P. 47). O modelo social da deficiência focaliza os ambientes e barreiras incapacitantes da sociedade e não as pessoas deficientes, enfatizando os direitos humanos e a equiparação de oportunidades”.
     DIVERSIDADE HUMANA:
     Ë a composição da sociedade humana com seus mais variados segmentos populacionais, representando etnias, raças, cor, gênero, deficiências, transtornos mentais, distúrbios orgânicos, nacionalidades, naturalidades, culturas, regiões socioeconômicas, histórico infracional, histórico penitenciário, etc. Trata-se hoje de conviver na diversidade humana, obrigatória em todos os contextos sociais: Escola, locais de trabalho, lazer, desporto, turismo, mídia, etc. (Sassaki, 1997 PP. 5, 41, 42, 51, 65, 106, 123,164). A diversidade humana e as diferenças individuais enriquecem a vida de todas as pessoas envolvidas desde a contribuição singular de pessoas e grupos sociais a partir de seus respectivos prismas.
     QUALIDADE DE VIDA:
     Ë o conjunto de situações de vida humana que garantem a satisfação das necessidades de funcionalidade das pessoas e, em última análise, a felicidade. 
     A qualidade de vida ligada ao lazer e ao turismo surgiu recentemente, embora pessoas com deficiência tenham já conseguido, participar de programas de lazer e turismo, de uma forma ou outra, ou seja, com dificuldade maior ou menor. Podemos entender essas conquistas dentro de algumas fases.
     EXCULSÃO SOCIAL:
     No início, não havia programas recreativos e turísticos acessíveis a pessoas com deficiência. Elas não participavam de nenhuma atividade, seja, de lazer ou turismo.
     SEGREGAÇÃO SOCIAL:
     Surgiram então as programações fechadas, exclusivamente para pessoas com deficiência, oferecidas geralmente em instituições especializadas em pessoas com algum tipo de deficiência.
     INTEGRAÇÃO SOCIAL:
     Instituições se propuseram a preparar estas pessoas deficientes, para poderem participar de atividades com a comunidade em geral, ou pelo menos, freqüentar os espaços de lazer desta comunidade.
     INCLUSÃO SOCIAL:
     A comunidade é ajudada a modificar seus sistemas de lazer e turismo para que todas as pessoas, com ou sem deficiência, possa participar juntas e ativamente de todas as atividades nos mesmos locais.
     Com certeza a qualidade de vida começa a se fazer presente a partir da “integração social”, quando as pessoas com deficiências poderiam finalmente sair de suas casas ou da instituição e desfrutar de momentos de lazer em ambientes comuns a todos.
     O turismo, como outro setor qualquer da sociedade deve ser um vetor de inclusão social para os deficientes (surdos), dando oportunidade para todos, se adequando às necessidades especiais de um número grande de pessoas com alguma deficiência a fim de que todos possam curtir a vida como turistas ou trabalharem como profissionais do turismo. 


Ética

     Antes de falarmos sobre qual é a ética do Guia de Turismo e do intérprete da Língua de Sinais achamos melhor definirmos o que é ética.
     Ética é o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal , seja relativamente a determinada sociedade , seja do modo absoluto.
     A Ética encara a virtude como pratica do bem e esta como a promotora da felicidade dos seres, quer individualmente ou coletivamente, onde são avaliados os desempenhos humanos em relação às normas comportamentais pertinentes.
     O caminho da virtude é sempre possível. Enquanto o homem existir, tem ele a possibilidade de modificar sua conduta e imprimir direção diferente às suas ações. E todos os homens orientam-se na vida pôr um critério valorativo, conferindo assim um sentido pessoal em suas vidas.
     Nem sempre é tranqüilo atingir-se o conceito de bem, principalmente vivenciá-lo de maneira coerente, por mais rígidas sejam as convicções morais, pode permear a consciência sensível pela insegurança quanto à fixação dos padrões e o balizamento concreto das atitudes humanas.
     Não se pode exigir tanto da ética. Esperar prova absoluta dos princípios gerais ou certeza objetiva de julgamentos, morais específicos, o importante é a busca de boas razões para a opção moral concreta.
     É sempre suscetível de aferição o apreço conferido a cada valor, no momento determinado de toda historia individual ou coletiva. O apreciar individual propicia nortear adequadamente a procura de felicidade própria, que não será integral se não se harmonizar com a de todos os homens, isto é, a prática do bem é a felicidade e como ela deve ser praticada como ideal e como ato consciente.
     O ILS (intérprete de língua de sinais) possui sua ética que é a de servir de intermediador lingüístico e cultural entre duas comunidades que não compartilham o mesmo código lingüístico. O intérprete de sinais NÃO é monitor, auxiliar administrativo ou professor de apoio.
     Há limites entres as funções do professor e do ILS. Sendo profissões diferentes também possuem atribuições e funções diferentes.
     Conhecimentos básicos sobre o processo tradutório e as condições físicas e psicológicas para que este, tais como: iluminação, posicionamento na sala, interrupções visuais, audibilidade do discurso entre outros.
     Diferenciação entre intérprete educacional e as denominações errôneas “professor-intérprete” e “intérprete-pedagógico”.
     O intérprete só pode traduzir o que vê; duas ou mais pessoas sinalizando ao mesmo tempo não podem ser traduzidas (especialmente se estiverem em lugares distantes uma da outra); manter o contato visual é de extrema importância; no momento que o professor olha só para o intérprete ou rompe o contato visual, o surdo pressupõe que a conversa acabou.
     O ouvinte vê e ouve, disto resulta que pode captar informações simultaneamente, o surdo VÊ, portanto toda a informação é seqüencial: mostrar uma imagem e explicá-la ao mesmo tempo funciona com ouvintes, aqui neste caso é preciso escolher qual a informação que vai ser passada primeiro, deixar que alunos a visualizem (seja a imagem, seja a explicação em LS e depois passar outro dado, seguindo o mesmo esquema).
     Do intérprete não é esperada a participação na conversa. Só da opinião se for requisitado e fazê-lo e, mesmo assim, é melhor que seja deixado cumprir sua função de um modo que interfira o menos possível. Conseqüentemente o professor deve se dirigir diretamente ao aluno surdo e não referir-se a ele como uma terceira pessoa usando “diga a ele, pergunte a ela, avise para eles”, etc... Pedidos de atenção também devem ser dirigidos diretamente aos alunos.
     Os intérpretes de língua de sinais possuem diversos aspectos específicos de se trabalhar com os surdos e são o elo entre os surdos e os ouvintes, são eles que circulam livremente pela comunidade surda e têm conhecimentos de como facilitar a interação entre as duas comunidades.
     O código de ética do Guia de Turismo formulado pela Associação de Guias do Brasil em 1987 é o instrumento de regulamentação da categoria e diz:
Art. 1º - Atuar sempre à luz da verdade, não induzindo o usuário dos seus serviços a erros de interpretação quanto às informações prestadas.
Art. 2º - Possuir vocação e preparo adequado para o exercício da atividade, procurando o aprimoramento constante, através de cursos, seminários e congêneres.
Art. 3º - Desenvolver ao máximo seu sentido de responsabilidade, evitando que, por omissão ou negligência, seus atos possam causar prejuízo à empresa onde trabalha, ao público em geral ou aos seus companheiros de profissão.
Art. 4º - Demonstrar conduta apropriada em todos os seus atos públicos e privados, atendendo com esmero, pontualidade, discrição e zelosa diligência às funções de guia de turismo.
Art. 5º - Procurar, sempre, em seu relacionamento com as autoridades públicas, obter o reconhecimento da importância de sua atividade para com a comunidade, com igualdade para seus colegas de todo o mundo.
Art. 6º - Praticar a amizade como um fim e não como um meio. Respeitando em todos os momentos e se fazendo respeitar como pessoa humana.
Art. 7º - Colaborar com os colegas que lhe solicitarem apoio para desenvolver sua atividade, dando proteção aos interesses dos mesmos como se fossem seus, desde que não venha a ser prejudicado no desempenho de suas próprias funções.
Art. 8° - Prestar o máximo apoio à Associação de guias do Brasil, à qual deve pertencer, ajudando-a a fortalecer-se para que a mesma, por sua vez, melhor possa proteger os interesses de seus associados.
Art. 9° - Procurar eleger e promover os mais capacitados valores da categoria para dirigir a Associação de Guias do Brasil.
Art. 10° - Colaborar, sob todas as formas ao seu alcance, com a associação, submetendo ao poder arbitral da mesma qualquer conflito de interesses.
Art. 11° - Apresentar-se sempre como um eficiente e sério profissional, constante portador da mensagem de paz e entendimento entre todos os povos.
Art. 12° - Não tecer, quando no exercício da atividade, comentários políticos partidários, não emitir qualquer comentário desfavorável sobre pessoas ou locais, nem fazer qualquer tipo de discriminação de raça, credo, religião, sexo ou costumes.
Art. 13° - Respeitar o meio ambiente e o patrimônio cultural e artístico, colaborando na sua preservação e atuando junto à sociedade, visando evitar a depredação da natureza e do patrimônio artístico.
Art. 14° - Manter postura correta e vocabulário adequado ao exercício da profissão de guia de turismo.
Art. 15° - O presente código de ética substitui o anterior e passa a vigorar a partir desta data.
     Além desse código o Guia de Turismo deve ter respeito pelos colegas e outras instituições ou empresas, isto não quer dizer, que deve deixar de ter uma postura crítica, se algo for ilegal ou incorreto deve ser resolvido ou, se for o caso, denunciado a quem de direito, o restante é com a vida de cada um.
     Se o trabalho do guia for competente, pode ocorrer no final do passeio por parte do grupo ou do turista uma manifestação de agrado com o trabalho desempenhado pelo guia, como podemos citar dois casos: O primeiro se trata de um bilhete de um casal de turistas para o seu guia que diz: “embora o seu país seja adorável, vê-lo ao seu lado, através de seus olhos e com o seu entusiasmo foi o que tornou as nossas férias memoráveis” e o segundo ocorreu quando da visita de um casal a um ponto turístico onde a esposa do turista ofereceu um livro de poesias de sua autoria ao guia onde constava uma dedicatória que dizia o seguinte: “Ao amigo (...) com carinho te ofereço um “pedaço” de meus amores, minhas ilusões, em forma de poemas líricos, filosóficos, vivenciais, contando que ao menos um verso te sirva,.... Sou grata pela tarde de 18/09/2004, quando expusesses com dignidade e perfeição a história deste ponto turístico. Um abraço a autora”.


Conclusão

     O turismo é uma riqueza, em diversos sentidos como gerador de emprego, que oportuniza trabalho a milhões de pessoas no mundo, ou ainda como “assistente social”, pois, através de sua contribuição para o desenvolvimento da cultura dos surdos, terá um papel social-cultural.
     O guia de turismo é um profissional que têm sob sua responsabilidade, não só o dever de mostrar para as pessoas o que elas não conhecem, mas também cuidar delas ou ainda se preocupar como deve ser seu trabalho para que não haja exclusão a nenhum tipo de turista.
     Como falei anteriormente o turismo pode ser um vetor de inclusão social dos surdos, onde, através do turismo cultural iremos proporcionar aos surdos cultura relativa à sua história e localidade onde vive.
Podemos concluir através deste trabalho, que o turismo é um importante elo de ligação entre as pessoas excluídas e os que já praticam o turismo há muito tempo. Contudo é imprescindível que o guia de turismo tenha muito claro sua vocação, seu conhecimento fundamentado no estudo e alguma experiência com a comunidade surda, que exige atualização constante, através de cursos, bem como vivência com a comunidade surda para descobrir novos segmentos do turismo que possam despertar interesse destes.
     Para se dar continuidade a este trabalho, seria interessante se fazer a organização de um curso de libras, incluído na grade curricular do curso Superior de turismo cultural da Universidade Católica de Pelotas e oferecer esse curso de libras aos profissionais que já atuam no mercado turístico de Pelotas.

 

     Boa tarde Mauro! Também sou estudante de Turismo, na Universidade Federal de Santa Maria e estou elaborando meu TCC sobre "A ANÁLISE DO PERFIL DO VIAJANTE SURDO RESIDENTE DA CIDADE DE SANTA MARIA-RS". Gostaria de saber onde posso ter acesso ao seu referencial bibliográfico. Desde já, obrigada pela atenção e PARABÉNS pelo seu trabalho!
Andressa Pereira Neis - Estudante
Santa Maria / RS

     Parabéns, muito bom, este artigo me ajudou muito na construção do meu trabalho. Faço Turismo, e estou tendo uma disciplina eletiva de "Libras". E me encantei com a língua. Parabéns!!
Anderson Nunes França – Estudante e Ator
Penedo / AL

     Adorei seu trabalho, principalmente pela clareza e simplicidade que descreve as dificuldades do Surdo e a importância do turismo na inclusão. Aposentada há um ano, tenho muita vontade de trabalhar com guia turística de surdos, mas tenho dúvida se devo fazer a especialização ou atuar como intérprete do guia. Viajei com uma amiga Surda para Buenos Aires e adorei fazer a interpretação, principalmente nos lugares em que haviam guias . Senti o encantamento dela em visualizar lugares de cultura diferente e ao mesmo tempo obter tantas informações. Infelizmente poucos Surdos tem essa oportunidade. Obrigada pela ótima leitura e por sua sensibilidade.
Helenita Mattos – Professora e Intérprete de LIBRAS
Brasília / DF

     Lindo trabalho! Fui convidada para elaborar um projeto para surdos. Estudo Libras, mas estou no início do curso. Os surdos não tem uma pessoa para levá-los para cidades históricas, vou aceitar mais esse desafio, torça por mim. Mande orientações, meu trabalho será voluntário.
Zely Batista de Alcino – Turismóloga
Belo Horizonte / MG

     Gostei muito do seu trabalho. Estou fazendo um curso de Libras, com pretensões de Pós mais tarde. O seu trabalho serve de estímulo àqueles que desejam o magistério. Parabéns.
Donizete Rodrigues – Professor de Letras e Literatura Brasileira
Cunha / SP

     Em primeiro lugar queria parabenizar o Mauro Luis pelo belíssimo trabalho feito. Mauro, venho aqui com enorme prazer falar que seu trabalho vai ajudar muito no trabalho que também tenho interesse em desenvolver, relacionando \"Turismo-Deficientes Auditivos\". Sou estudante de Turismo, estou começando o meu TCC, e gostaria de fazer com o tema: \"Incentivar a Capacitação dos Turismólogos ao Atendimento dos Deficientes-Auditivos\". Amei o seu trabalho. Meus parabéns mais uma vez. Espero alcançar também esse objetivo e mostrar que na atividade turística SIM existe uma ENORME dificuldade em atender esse público em ambiente geral e não especificado..
Cristiano Ramos de Souza – Estudante de Turismo
São Paulo / SP

     Gostaria de saber se o proprio surdo seria aconselhável ser um guia de surdos, pois irei ofecer em Porto Seguro o atendimento para surdos que aqui queiram passar suas férias. Tenho dúvidas se seria melhor quanto ao entendimento e tranquilidade do turista deficiente, por estar sendo guiado por afins ou um guia não deficiente traria mais interação, por sentir estar sendo tratado de iqual para iqual.
Luzia Grezzi – Agente e guia  de turismo
Porto Seguro / BA

     Primeiramente gostaria de agradecer o contato de Luzia Grezzi, ao mesmo tempo que fico feliz que meu trabalho tenha trazido esclarecimentos e oportunizado conhecimento sobre a cultura Surda e sua inserção ao Turismo.
     Na minha opinião temos que analisar cada situação bem para identificarmos a melhor maneira para agir em cada uma delas.
Eu penso o seguinte, cada local a ser visitado teria que ter um guia que saiba LIBRAS.
     O surdo como guia de turismo acho interessante, mas como você mesmo falou nem todos os lugares a serem visitados, possuem pessoas habilitadas para falarem com eles, como também não tem em hotéis , restaurantes, aeroportos, rodoviárias, etc...
     Acredito que até se tenha a qualificação em todo o setor turístico, ainda precisamos de um ouvinte que saiba a linguagem de Libras para desenvolver esta atividade.
Mauro Luis Franco Peres – Autor do artigo
Pelotas / RS

     Seu trabalho é um incentivo para todos que desejam trabalhar com os surdos através do turismo como forma de inclusão. Parabéns.
Lúcia Fernanda Saraiva da Silva – Acadêmica de Turismo
São Luís / MA

     Parabéns. Super importante tudo relacionado a inclusão. Quero saber mais e fazer mais pela inclusão.
Selma Martins da Silva Funcionária pública
São Paulo/SP

 

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