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     NOSSA CARNE
     30/05/2008
     Milton Luiz Pinho Espírito Santo

     Reportemo-nos ao século 19. Nesta época, a carne no RS já era um produto de consumo numa determinada escala, mas as dificuldades de transporte e conservação iriam impulsionar o comércio do charque.
     As charqueadas no sul do Rio Grande do Sul, em São Francisco de Paula, atual Pelotas, com atividades desde o século 18, tornaram-se centro da economia do Estado pela facilidade com que o charque podia ser conservado e transportado. Soma-se a isso o fato da família real aportar no Brasil, desenvolvendo serviços, comércio e as demandas por abastecimento. O charque é exportado e a concorrência platina produz tensões entre gaúchos e seus vizinhos de idioma espanhol.
     Apesar da extensão do mercado do charque, o processo é fabril e com a descoberta de técnicas de refrigeração, instalam-se no Brasil (1910), frigoríficos que transformariam a carne em produção industrial com comercialização em grande escala. Na maioria são filiais estrangeiras (americanos ou ingleses) como o Armour em Livramento, a Swift em Rosário e Rio Grande e o Anglo em Pelotas.
     Na segunda metade do século 20 (1970) com novas técnicas de produção de rações e aceleração de engorda do boi, a produção aumenta, mas a necessidade da mão-de-obra diminui. O êxodo rural é grave e a necessidade de expansão leva inúmeros gaúchos ao Centro-Oeste, o novo centro da pecuária no Brasil. As crises econômicas e a inflação galopante precipitam o declínio dos frigoríficos no Estado.
     Assim que, já no século 21, o eixo da pecuária no Brasil desloca-se para o Centro-Oeste. Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins consolidam a liderança na pecuária bovina voltada para a exportação de couro e carne. O conglomerado Friboi compra a Swift argentina e se torna a segunda maior indústria de carne no mundo.
     A criação bovina, que sustentou e ajudou a moldar a sociedade gaúcha, é hoje muito mais forte no Centro-Oeste do Brasil. O Rio Grande do Sul, apesar de manter-se como grande produtor e auto-suficiente, já não produz mais como antes.
     O próprio ritual do churrasco já vai se modificando. Hoje, o churrasco é uma soma dos elementos que formaram o Rio Grande: come-se a carne, mas também o salsichão e o galeto, produtos trazidos pela entrada no processo econômico das colônias de imigrantes. Quando se tem poucas pastagens, quando a agricultura ocupou muitas regiões da pecuária, não é mais absurdo pensar que daqui a algumas gerações, alguma coisa mude neste hábito.

 

     Parabéns pela matéria contando a história do charque no Brasil e também pelo site.Sou representante na Bahia e trabalho com charque.
Délcio Francisco da Silva Júnior – Representante Comercial
Feira de Santana / BA

     Rosário do Sul foi o berço e parteira nacional da carne frigorifica e enlatada. Antes da Swift que chegou em 1917 funcionou Saladero Unión Del Rosário, de capital uruguaio que após foi vendido para a Swift International Meat Company of Brazil. O Unión produziu as primeiras latas já em 1914.
Jorge Telles – Aposentado
Santa Maria / RS

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